Tributar bebidas açucaradas pode reduzir o seu consumo e os casos de cáries dentárias, obesidade e diabetes tipo 2, afirma o novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). As políticas fiscais que aumentam o preço de venda desses produtos em, pelo menos, 20% resultariam em diminuições proporcionais da procura dos consumidores, de acordo com o Fiscal Policies for Diet and Prevention of Noncommunicable Diseases (NCDs). “Um refrigerante, por exemplo, tem 10% de açúcar. Um copo equivale a uma colher de sopa de açúcar”, explica Jaime Aparecido Cury, professor de bioquímica e cardiologia na Universidade de Campinas e membro da Associação Brasileira de Odontologia (ABO).
A redução no consumo de bebidas açucaradas significa uma menor ingestão dos chamados “açúcares livres” e calorias em geral, melhor nutrição e menos pessoas sofrendo com sobrepeso, obesidade, diabetes e cáries dentárias. “Lesões de cárie poderiam ser totalmente evitadas se o açúcar não fosse ingerido mais do que seis vezes ao dia e se os dentes fossem escovados, pelo menos, duas vezes ao dia”, comenta Cury.
Os açúcares livres são aqueles adicionados aos alimentos e bebidas pelo fabricante, cozinheiro ou consumidor e, também, aqueles naturalmente presentes no mel, xaropes e sucos de frutas naturais e concentrados. Segundo o professor, o açúcar é a única causa da existência de cáries. “As bactérias presentes na nossa boca transformam esta substância em ácido, que acaba destruindo os dentes.”
Políticas fiscais
As políticas fiscais devem focar nos alimentos e bebidas que tenham disponíveis alternativas mais saudáveis, acrescenta o relatório. O documento apresenta os resultados de uma reunião, conduzida em meados de 2015, com especialistas mundiais convocados pela OMS; uma reunião técnica com especialistas internacionais e, por fim, uma investigação de 11 revisões sistemáticas recentes sobre a eficácia das intervenções da política fiscal para melhorar as dietas e prevenir doenças crônicas não transmissíveis.